
O professor livre

Liberdade académica – liberdade de professores e estudantes para ensinar, estudar e buscar conhecimento sem interferência ou restrição irracional da lei, regulamentos institucionais ou pressão pública. Os seus elementos básicos incluem a liberdade dos professores para (i) investigar qualquer assunto que evoque os seus interesses intelectuais, (ii) apresentar as suas descobertas aos estudantes, colegas e outros, (iii) publicar os seus dados e conclusões sem controlo ou censura, e (iv) ensinar da forma que considerem profissionalmente adequada.
A liberdade como necessidade essencial do professor
O professor Americano de educação Joseph Schwab (1909–1988) estudou programas curriculares. Ele defende – por ver o ensino como uma arte prática por natureza – que o professor deva usufruir de liberdade/autonomia no exercício das suas funções, bem como interferir na tomada de decisões curriculares (1).

Os professores não serão nem podem ser simplesmente instruídos sobre o que devem fazer […] Eles não são operadores de linhas de montagem, e não se comportarão como tal.
Joseph Schwab
À luz de Schwab (1), os professores praticam uma arte. Momentos de decisão sobre o que fazer, como, com quem e em que lugar, surgem centenas de vezes ao longo de uma jornada escolar diária, e surgem diferentemente em cada dia e com cada grupo de estudantes. Não há comando ou instrução que possam ser formulados com vista ao controlo desse tipo de comportamento e juízo artísticos.
(Des)confiança nos professores
Andreas Schleicher é actualmente o director para a educação e competências da OCDE, sendo ele que fundou e supervisiona o programa PISA para avaliação internacional de estudantes de 15 anos em leitura, ciências e matemática.
Schleicher afirmou em 2019 que os resultados de Inglaterra no PISA reflectiam a falta de confiança nos seus docentes, tendo inclusivé mencionado que alguns dos sistemas educativos mais bem sucedidos (e.g, Estónia) tinham regimes de inspeção escolar pouco rigorosos (2).

Being an empowered teacher means having the professional autonomy to choose the most appropriate methods and approaches that enable more effective, inclusive and equitable education.
in UNESCO’s joint message on the occasion of World Teachers’ Day
Autonomia e avaliação: lições Finlandesas
Para a Finlândia (pelo menos em 2017), o potencial de cada aluno deve ser maximizado (3). Eu defendi-o aqui como o garante de qualquer escola verdadeiramente inclusiva.
Na Finlândia, os professores têm autonomia pedagógica. Podem decidir por si que métodos de ensino, manuais escolares e outros materiais usar nas suas aulas. Planeamentos detalhados do ano lectivo tão-pouco lhes são exigidos (3, 4, 5).
Também na Finlândia, as inspeções às escolas foram abolidas no início dos anos 90 do século XX, e o desempenho dos professores não é observado nem classificado. Ao invés, há discussões anuais com os líderes escolares onde lhes é dado feedback sobre a autoavaliação de cada docente. Além disso, exames nacionais realizados anualmente permitem avaliar o desempenho académico dos alunos por escola e por docente (3, 4, 5).
1. Schwarz-Franco O (2022). Necessarily Free: Why Teachers Must be Free, Studies in Philosophy and Education, 41(3), DOI. 📦
2. Lough C (2019). Pisa chief: ‘Mistrust of teachers holds England back’, Tes Magazine. 📦
3. Ministry of Education and Culture – Finland, Finnish National Agency for Education (EDUFI) (2017). Finish education in a nutshell, ISBN: 978-952-13-6335-1, PDF. 📦
4. Sharma S (2025). Perspective | How the world’s happiest country supports its teachers, EdNC. 📦
5. Hart J (2017). The big lesson from the world’s best school system? Trust your teachers, The Guardian. 📦