O bem que o silêncio faz

Actualizado: 02/08/2025

Publicado: 02/08/2025

Menos #IA, mais #cérebro Menos telefone, mais PC Menos ecrãs, mais papel Menos barulho, mais #silêncio Menos global, mais local Menos carro, mais a pé.

— Miguel Abambres (@abambres.bsky.social) June 24, 2025 at 1:47 AM

Desde as neurociências à cardiologia, há um consenso crescente sobre (i) a séria ameaça do barulho para a saúde e cognição, e (ii) o papel vital do silêncio, especialmente para o cérebro. Pitágoras viu na prática de estar em silêncio um pré-requisito de toda a sabedoria (1).

Apresentam-se em seguida alguns dos mais importantes benefícios do silêncio, sustentados pela ciência.

Um estudo em ratos realizado em 2013 concluiu que acalmar a mente pode estimular o crescimento cerebral. Os investigadores verificaram que quando os ratos eram expostos a 2 horas de silêncio por dia, eles desenvolviam novas células no hipocampo – a região do cérebro ligada à memória, emoções e capacidade de aprendizagem (2).

Atendendo a que, segundo alguns especialistas, a diminuição de neurónios no hipocampo conduz à doença de Alzheimer, o silêncio poderia ser uma forma de tratamento da doença. O neurologista Pablo Irimia apontou que uma vida intelectual activa, a qual exige concentração e, consequentemente, silêncio, desempenha um papel protetor contra distúrbios neuronais (3).

O cérebro necessita de tempo para pensar, reflectir e descansar. Necessita de tempo para gerar espaço para nova informação. Se cada um praticar silêncio durante o dia, estará a dar ao cérebro melhores condições para processar qualquer nova informação que possa surgir (2). Um estudo de 2001 realizado por neurocientistas da Universidade de Washington descobriu que havia uma função cerebral denominada “modo padrão”, a qual faz com que um cérebro “em repouso” ainda esteja em ação, constantemente absorvendo e avaliando informação (4).

A Organização Mundial da Saúde publicou um relatório que revelou que 3000 das mortes por doença cardíaca ocorridas na Europa Ocidental em 2011 tinham relação com o ruído excessivo (acima de 65 decibéis é considerado perigoso) (3).

O neurologista Pablo Irimia aponta evidências indiscutíveis: o silêncio facilita o controle da pressão arterial, prevenindo doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais, e predispõe aos benefícios de uma vida reflexiva (3).

Um estudo de 2006 verificou que apenas 2 minutos de silêncio podem ser mais tranquilizantes que ouvir música relaxante, o qual foi atribuído a mudanças na pressão arterial e na circulação sanguínea para o cérebro (2, 4).

1. Zorn J, Marz L (2022). How Listening to Silence Changes Our Brains, Time. 📦

2. Cox J (2022). The hidden benefits of silence, PsychCentral. 📦

3. Moreno A (2016). “Quer calar a boca?”: a importância de desfrutar de duas horas de silêncio por dia, El País. 📦

4. BBC News Brasil (2019). Silêncio, por favor: ausência de barulho pode turbinar o cérebro e a criatividade, BBC News Brasil. 📦


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